Por duas vezes hoje, XP recomenda Itaú a deixar a empresa se não acredita em seu modelo
SÃO PAULO — Por duas vezes, somente nesta quinta-feira, 25, a XP desafiou seu maior sócio, o Itaú Unibanco, a deixar a companhia por não acreditar no modelo de negócio, que nasceu com uma proposta de desbancarização. Seu fundador, Guilherme Benchimol, e o sócio da companhia, Gabriel Leal, afirmaram que se o Itaú não está confortável com o modelo de negócios da XP, deveria repensar sua participação.
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O Itaú comprou uma fatia de 49,9%, por R$ 6,3 bilhões de participação da XP em 2016, refletindo um valor de mercado para a empresa de R$ 12 bilhões. Agora, já com seu capital aberto na bolsa norte-americana Nasdaq, a XP, com 19 anos desde sua fundação, já agrega um valor de mercado de R$ 136 bilhões, conforme o fechamento desta quinta-feira. O Itaú, de 90 anos, vale pouco menos que o dobro, ou R$ 249 bilhões.
Benchimol fez a declaração durante uma live promovida pela MoneyWeek, onde afirmou estar confuso com a atitude do Itaú. “Eu fiquei surpreso porque é confuso acreditar que alguém que comprou a sua ação não acredita no negócio e, se isso for verdade de fato, não faria sentido essa pessoa continuar como seu acionista”, afirmou.
Benchimol lembrou que recebe mensalmente entre R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões em recursos que saem dos bancos e fundos “mais caros” e vão para a XP. “Entendo que tenham ficado chateados e estejam tentando vir com algum plano que possa impedir nosso crescimento. Como concorrente não tenho o que dizer; como acionista acho que as palavras não condizem com os atos”.
Gabriel Leal, que é responsável pelo relacionamento com clientes da XP, incluindo agentes autônomos, soltou o verbo para a imprensa, devolvendo ao Itaú o que considerou uma “agressão”. Depois de chamar a campanha do Itaú de atitude desesperada e de quem agride porque não consegue se reinventar e perde R$ 150 milhões ao dia para a XP, Leal disse: “se o Itaú não está confortável com o modelo de negócios da XP, deveria repensar sua participação”. E foi mais longe, disse que o Itaú demorou 90 anos para entender que o cliente está em primeiro lugar, que age com hipocrisia e se beneficia do desconhecimento da população para ganhar dinheiro.
Em uma peça publicitária veiculada em horário nobre da televisão brasileira nesta terça-feira, o maior banco privado do País questionou o modelo de remuneração dos agentes autônomos, profissionais pilares de plataformas de investimentos, como a XP, sugerindo que o Itaú Personnalité, que atende a alta renda, proporciona maior transparência aos seus clientes.
O bate-boca entre XP e Itaú dos últimos dois dias – e que deixou confuso também o grande público – fez circular especulações sobre uma saída do Itaú do capital da XP. O movimento é visto, no entanto, como pouco atraente para o Itaú, no curto prazo. Hoje, Roberto Setúbal e João Moreira Salles, que representam as famílias donas do Itaú Unibanco, estão sentados no conselho de administração da XP. Os sócios da corretora poderiam alegar conflito de interesse para obrigá-los a abandonar o conselho de administração./COLABOROU ANDRÉ VIEIRA
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